A medicina personalizada, também conhecida como medicina de precisão, tem o objetivo de customizar o tratamento médico de acordo com as características biológicas das pessoas ou subgrupos da população.
Ou seja, diferente da medicina tradicional, que possui um modelo único para a prevenção, diagnóstico e tratamento (os mesmos medicamentos são receitados para todos que têm a mesma doença, por exemplo), a medicina personalizada leva em conta as diferenças entre os pacientes, tanto no aspecto cultural/social quanto biológico.
Um estudo sobre medicina personalizada e os movimentos de transformação da biomedicina no início do século XXI afirma:
“A medicina personalizada promete oferecer, com base na identificação das características genéticas do paciente, o medicamento preciso, na dose exata e no momento certo, tornando a prática médica mais eficiente e diminuindo os custos da atenção médica.”
Os defensores dessa abordagem da medicina apontam que a medicina tradicional é ineficiente, cara e não costuma levar em conta os efeitos adversos dos medicamentos nos pacientes.
Aprenda neste artigo mais sobre a medicina de precisão e como ela impacta – e transforma – o mercado de saúde.
O que é a medicina personalizada?
Talvez você já tenha visto que alguns laboratórios privados do Brasil oferecem em seus sites a medicina personalizada, mas o que será que isso significa?
Normalmente, esses laboratórios oferecem testes genéticos como genotipagem de até 1 milhão de polimorfismos e o sequenciamento completo do exoma, visando listar as mutações genéticas associadas a doenças e trazer dados sobre tratamentos.
Basicamente, o paciente pode pedir um teste genético completo e descobrir qual é a sua tendência a ter determinadas doenças, quais medicamentos funcionam melhor para seu tipo genético, entre outras informações.
Pensando apenas na teoria, a medicina personalizada permitiria que cada paciente tivesse um tratamento verdadeiramente único, baseado nas suas características biológicas, logo, pressupõe-se que seria o tratamento mais efetivo possível.
Entretanto, é importante ressaltar que as visões de futuro sobre a medicina personalizada não são um consenso entre os especialistas e, inclusive, é alvo de diversas críticas, principalmente no que tange ao impacto do alto custo das novas tecnologias.
O que os críticos argumentam é que as promessas da medicina personalizada parecem muito utópicas e não sustentáveis para sistemas de saúde globais, e não há indícios de que essa abordagem levaria a um estilo de vida mais saudável para as populações.
Por outro lado, os defensores da medicina personalizada apontam o fato de que ter o mesmo tratamento para todas as pessoas não é eficiente para o cuidado da saúde dos pacientes, que estão cada vez mais exigentes em relação aos serviços de saúde.
Quando olhamos para o perfil do paciente digital, a geração que cresceu com a internet e não sabe o que é não estar conectada, vemos uma tendência de querer cada vez mais tecnologia e personalização na área da saúde.
Modelo dos 4 Ps na medicina personalizada
Alguns autores acreditam que a medicina personalizada deve ser implementada com base no modelo dos 4 Ps:
- Preditiva: identifica riscos e suscetibilidade de resposta ao tratamento proposto;
- Preventiva: visa a intervenção precoce e previne a patologia;
- Personalizada: atende exatamente ao perfil genético do paciente e da patologia;
- Participativa: o paciente é colocado no centro de sua experiência com a saúde, logo, é convidado para participar das tomadas de decisão e definir qual é a melhor estratégia para a prevenção e tratamento de doenças.
A expectativa dos defensores da medicina personalizada é que, nos próximos 10 a 20 anos, os pacientes deixarão de ir ao médico para curar uma doença e começarão a descobrir quais chances eles têm de adquirir uma doença.
Como a medicina personalizada impacta o mercado de saúde?
Como você já deve ter imaginado, a medicina personalizada exige um alto volume de testes genéticos sendo realizados para a população, o que, consequentemente, gera a necessidade de uma estrutura mais completa para esses exames e mais custos.
A implementação desse modelo de medicina para um país ou um sistema de saúde regional poderia ter um custo extremamente elevado, um dos argumentos que os críticos usam para abordar os efeitos negativos da medicina personalizada.
Porém, os defensores trazem o ponto de que esse alto custo seria compensado no futuro em que os pacientes deixariam de apenas tratar doenças e começaram, cada vez mais, a pensar na prevenção.
Ou seja, ao invés do sistema de saúde ter altas despesas com pacientes com doenças crônicas, internações e tratamentos caros como o câncer, os pacientes conseguiriam saber de antemão todas essas pré-disposições e cuidar de suas saúdes o quanto antes.
O problema é: mesmo que a medicina personalizada funcione dessa forma, seria necessário um alto comprometimento por parte dos pacientes, algo que não podemos garantir em escala nacional ou global.
Apesar dessas considerações, é inegável que a geração de novos pacientes estão cada vez mais preocupados com suas saúdes e conectados com tecnologias, seja agendamento online, receita digital, prontuário eletrônico ou testes genéticos.
Não é à toa que vemos empresas de mapeamento genético crescerem e surgirem, como a Genera, Mendelics e Genetika, bem como empresas de sistemas médicos, como a Versatilis System.
Inclusive, caso a medicina personalizada ganhasse força nos estabelecimentos, seria necessária uma digitalização completa por parte das instituições, para conseguirem centralizar todos os dados médicos dos pacientes em um único local.
O prontuário eletrônico, por exemplo, começaria a englobar informações como o teste genético do paciente, pré-disposições de doenças, características biológicas, entre outros dados trazidos pelas novas tecnologias.
A telemedicina também ganharia forças com a medicina personalizada, uma vez que muitas consultas não exigiram exame físico, por se tratarem de consultas focadas na prevenção de doenças.
Assim como todas as abordagens da medicina, existem benefícios e desvantagens na medicina personalizada, e é fundamental que os profissionais de saúde estudem sobre o assunto para formarem seus próprios pontos de vista e contribuírem nessa discussão.
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