A saúde digital é um conceito amplo que aborda o uso de tecnologias para produzir, armazenar e disponibilizar dados médicos da população para o sistema de saúde nacional.
Esse conceito não é mais apenas uma tendência do mercado médico: ele já se tornou uma realidade. A digitalização das informações irá apenas crescer nos próximos anos e a medicina deve se preparar para esse movimento.
Um artigo de opinião da Sociedade Brasileira de Cardiologia afirma que a Assembleia Mundial da Saúde sobre Saúde Digital:
“recomendou que os ministérios da saúde avaliem o uso de tecnologias digitais dedicadas à saúde, priorizando desenvolvimento, avaliação, implementação e aumento do uso dessas tecnologias, bem como orientando a sua normatização, inclusive por meio da promoção de intervenções em saúde digital.”
Neste artigo você vai aprender o que é a saúde digital, qual é a sua importância, vantagens e desvantagens. Acompanhe!
O que é a saúde digital?
A saúde digital engloba o uso de TICs, Tecnologia de Informação e Comunicação, para produzir e disponibilizar informações confiáveis sobre a saúde das pessoas, o que beneficia a população, profissionais de saúde e gestores públicos.
Esse conceito é baseado na definição do próprio Ministério da Saúde:
“O termo Saúde Digital é mais abrangente do que e-Saúde e incorpora os recentes avanços na tecnologia, como novos conceitos, aplicações de redes sociais, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), entre outros.”
Segundo o Ministério, em 2019 a OMS, Organização Mundial de Saúde, iniciou o desenvolvimento da Estratégia Global de Saúde Digital, para que os esforços nacionais fossem potencializados pela troca de conhecimento entre países.
Empresas, ONGs, instituições de saúde, centros de pesquisas, entre outros estabelecimentos, devem ter o objetivo de promover a saúde das pessoas em qualquer lugar do mundo.
Logo, os países e suas instituições devem partilhar informações de saúde, de forma ética e respeitando o sigilo profissional e privacidade das pessoas.
Uma das propostas da estratégia global é a unificação de conceitos como e-Saúde, Telemedicina, Saúde Móvel e Telessaúde no universo da Saúde Digital.
O objetivo é reduzir a fragmentação das aplicações dessas tecnologias e ampliar o conhecimento desses avanços tecnológicos.
Qual a importância da saúde digital?
A saúde digital é essencial para termos cada vez mais informações médicas centralizadas em um único local, de forma segura e eficiente, para auxiliar nas tomadas de decisão no sistema de saúde brasileiro.
A pandemia de COVID-19 que teve início em 2020 no Brasil, por exemplo, evidenciou a importância de termos informações atualizadas sobre o estado de saúde da população em tempo real e com acesso facilitado para os profissionais de saúde.
Ter uma base de dados confiável, ou seja, atualizada e segura, é essencial para tomadas de decisão de curto, médio e longo prazo, principalmente em uma crise mundial de saúde como foi a pandemia.
O SUS, Sistema único de Saúde, precisou planejar e executar ações nacionais durante esse difícil período, de forma a unir esforços de estados, municípios e postos de saúde suplementar.
O Programa Conecte SUS, iniciativa para a estratégia de saúde digital no país, recebeu a orientação de priorizar ações alinhadas com as necessidades de combate à COVID-19.
O programa ofereceu uma rede nacional de dados sobre saúde, com o objetivo de prevenir doenças e promover mais qualidade nos atendimentos médicos.
Entre os principais dados podemos citar:
- Recepção e integração de notificações de resultados de exames laboratoriais relacionados à COVID-19;
- Disseminação dos resultados dos exames para a população e profissionais de saúde;
- Recepção e disseminação dos registros de vacinas administradas;
- Emissão do certificado nacional de vacinação de COVID-19.
O artigo de opinião publicado na CNN Brasil do Luiz Ary Messina, coordenador da Rede Universitária de Telemedicina há 17 anos e ex-presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde, afirma que 2023 é o ano da saúde digital no Brasil.
Esse otimismo vem da criação da Secretaria de Saúde Digital no Ministério da Saúde, que tem como chefe da secretaria a Dra. Ana Estela Haddad, professora titular da graduação de odontologia da USP e criadora e diretora do Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes.
A Secretaria de Saúde Digital conta com três departamentos, Saúde Digital e Inovação, Informação para o Sistema Único de Saúde (Datasus) e Avaliação e Disseminação de Informações Estratégicas.
O autor também enfatiza que além desse novo órgão, temos a criação da Lei Federal Brasileira de Telessaúde, que regulamenta definitivamente o atendimento a distância, modernizando a Lei de 1990 que instituiu o SUS.
A nova lei revoga o texto de 2020 sobre o atendimento a distância temporário, apenas durante a pandemia de COVID-19. A lei sancionada no final de 2022 dá autonomia para os profissionais de saúde continuarem prestando a Telemedicina.
O autor afirma que essas regulamentações fornecem a estrutura básica para a prática de saúde a distância, preservando a qualidade dos serviços, bem como segurança e privacidade dos dados.
“A tecnologia torna-se, assim, aliada de profissionais de saúde e de pacientes, garantindo a possibilidade de uma atuação ainda mais completa por parte de quem provê o cuidado e de um consequente ganho de qualidade para quem o recebe.”
Quais são as desvantagens da saúde digital?
Apesar da saúde digital trazer inúmeros benefícios, assim como qualquer outra tecnologia, há vantagens e desvantagens. Por isso, é fundamental considerar os desafios enfrentados pela saúde digital.
Em um mundo conectado e globalizado, temos milhares de informações a um clique de distância. Basta pesquisar no Google e encontramos diferentes fontes de informação. Parece fácil, não é mesmo?
O problema é que nem todas as fontes são confiáveis. Na verdade, a maioria das fontes provavelmente não são confiáveis, apenas cópias de uma fonte que não foi validada cientificamente.
O primeiro obstáculo da saúde digital é garantir que todos os dados estão atualizados e disponibilizados de forma segura. Ou seja, são verídicos e não ferem a privacidade dos pacientes.
Cada vez mais nós compartilhamos dados pessoais na internet, como número do cartão, CPF, RG, nome completo, endereço, entre outros. Leis como a LGPD buscam garantir o sigilo da população e evitar vazamento de dados, mas ainda vemos notícias alarmantes.
Para superar esse desafio, é essencial que as informações sejam armazenadas em softwares médicos seguros para profissionais de saúde, instituições e pacientes.