Para aproveitar os avanços da melhor maneira, avaliar e saber lidar com os perigos da tecnologia na medicina é fundamental.
Com os avanços da saúde digital, o cenário médico futuro promete empolgação, pois graças a tecnologias que democratizam o acesso aos cuidados, tratamentos de qualidade estão ao alcance de todos como nunca.
Nesse sentido, novas pesquisas e desenvolvimentos médicos têm conseguido eliminar doenças fatais e transformar outras em condições gerenciáveis.
Entretanto, é importante lembrar que esses avanços, que impulsionam a medicina para o século 21, também carregam riscos.
Isso porque, à medida que abraçamos dispositivos médicos conectados e compartilhamos informações de saúde online, nos deparamos com desafios de segurança de dados e privacidade.
Neste artigo, você vai conferir alguns desses desafios, e como reconhecê-los para adotar abordagens proativas para lidar com eles.
Vamos lá?
5 perigos da tecnologia na medicina
A conscientização sobre os perigos da tecnologia na medicina e a busca por soluções inovadoras são fundamentais para garantir que a revolução da saúde digital ocorra de maneira segura e benéfica para todos.
Portanto, diante da promessa emocionante da medicina digital, não devemos ignorar os perigos que acompanham essa jornada e trabalhar diligentemente para minimizá-los.
Confira agora alguns desses perigos e descubra como promover discussões colaborativas entre os diversos atores da área médica e tecnológica.
1. Vieses dos Algoritmos de IA Adaptativa
Uma Inteligência Artificial (IA) adaptativa é aquela que consegue se ajustar com base em novas informações que recebe.
Em um ambiente médico, por exemplo, ela poderia sugerir exames de sangue mais frequentes para uma população com alta prevalência de diabetes.
No entanto, esses algoritmos de IA dependem de dados médicos existentes, que frequentemente carregam vieses intrínsecos. Assim, adaptar-se com base nesses dados poderia reforçar vieses prejudiciais, como discriminações de etnia ou gênero.
Dessa forma, pode-se gerar desigualdades na prática médica, possíveis erros por parte dos profissionais de saúde ao adotar sistemas não testados, e informações enganosas devido a dados enviesados.
Para lidar com esses problemas, é necessária uma abordagem cautelosa na regulamentação, testes prévios à adoção, seleção cuidadosa dos dados de treinamento e transparência no processo de tomada de decisão dos algoritmos.
Além disso, vale incentivar que os desenvolvedores entendam o funcionamento interno das partes dos modelos e, com isso, busquem melhorar o seu desempenho, como ressalta um artigo da Fiocruz sobre o assunto.
2. Tecnologias que Apoiam o Autodiagnóstico
O uso do Dr. Google e outras tecnologias é uma questão delicada na área médica. Isso porque os pacientes que pesquisam seus sintomas e tratamentos na internet, podem interpretar erroneamente as informações que encontram.
Os pesquisadores também estão alertando sobre pacientes que recorrem aos hospitais devido a notificações de smartwatches sobre leituras anormais de ECG, muitas das quais não têm relevância clínica.
No entanto, em breve, cada vez mais pacientes terão acesso a mais métricas em casa, vindas de exames de sangue ou análises genéticas; algumas delas sendo fornecidas por empresas não regulamentadas que oferecem serviços imprecisos.
Dessa forma, cresce o potencial para erros de diagnóstico devido à falta de conhecimento técnico dos pacientes e surge uma possível ameaça de enfraquecimento da relação médico-paciente devido à preferência por informações online.
Para enfrentar esses desafios, é crucial orientar os pacientes a obter informações confiáveis, e usar a tecnologia como um complemento e não substituto do atendimento médico.
Outro ponto importante é encorajar a consulta médica para dúvidas e sintomas, de modo a garantir um equilíbrio responsável entre a tecnologia e o cuidado de saúde personalizado.
3. Bioterrorismo por meio de tecnologias de saúde digital
O risco crescente do bioterrorismo por meio das tecnologias de saúde digital é uma preocupação em ascensão.
Nesse sentido, vários aspectos devem ser considerados, o que inclui:
- Disseminação intencional de agentes patogênicos que ameaçam a saúde pública;
- Possibilidade de utilizar microrganismos patogênicos como armas;
- Riscos biológicos que podem causar doenças;
- Necessidade de adotar medidas de biossegurança para prevenção e resposta;
- Importância dos sistemas de informação e segurança para detectar ameaças.
Por exemplo, a Neuralink, fundada por Elon Musk, tem a proposta de desenvolver interfaces que conectam o cérebro humano diretamente a computadores.
Com essa tecnologia tão avançada, como impedir que bioterroristas hackeiem esses dispositivos e ganhem controle direto sobre nossa saúde?
Para enfrentar esse desafio, é crucial reforçar a segurança dos sistemas de informação, aumentar a conscientização sobre os riscos e implementar estratégias preventivas e de resposta eficazes.
4. Câmeras de Reconhecimento Facial em Hospitais
Introduzir câmeras de reconhecimento facial em hospitais levanta a questão da privacidade, com a coleta de informações biométricas sensíveis, e deixa claro a importância da proteção adequada.
Em primeiro lugar, há o risco de segurança de dados, já que essas câmeras podem ser alvos de ataques cibernéticos, resultando em violação de informações pessoais e médicas dos pacientes.
Além disso, a tecnologia pode ser suscetível a erros e preconceitos, levando a resultados discriminatórios, o que pode afetar adversamente grupos de pacientes, como minorias étnicas.
O potencial de falsos positivos e falsos negativos também pode comprometer a identificação correta e o tratamento adequado dos pacientes.
Para enfrentar esses problemas, medidas de segurança devem ser implementadas, incluindo proteção contra ciberataques e transparência no uso dessas câmeras.
Avaliações regulares também são necessárias para corrigir possíveis preconceitos e erros no sistema de reconhecimento facial.
5. Privacidade em Dispositivos e Serviços Diretos ao Consumidor
A relação entre a adoção da saúde digital e a preservação da privacidade é uma questão delicada e de extrema relevância. Isso porque avanços na saúde digital muitas vezes requerem um certo grau de comprometimento da privacidade.
Afinal, para fornecer resultados individuais e personalizados, ferramentas como sensores de saúde e inteligência artificial precisam acessar nossos dados pessoais de saúde.
No entanto, surge uma preocupação crítica: como nossos dados são protegidos uma vez que essas empresas têm acesso a eles?
Nesse sentido, as implicações de privacidade e segurança na era da saúde digital são complexas e diversificadas. À medida que tecnologias cada vez mais avançadas são incorporadas a esse campo, essas questões não tendem a se tornar mais simples.
Portanto, todos os atores envolvidos no cenário da saúde, desde os profissionais de saúde até os pacientes e empresas de tecnologia, devem estar atentos à necessidade urgente de contemplar mudanças na maneira como lidamos com os dados de saúde.
Conclusão
No cenário médico em constante evolução, conhecer e enfrentar os perigos da tecnologia na medicina é essencial para aproveitar ao máximo seus avanços.
Ou seja, mesmo que a saúde digital prometa um futuro empolgante, onde tratamentos de qualidade estão mais acessíveis do que nunca, é necessário considerar os riscos inerentes a essas inovações.
Dessa forma, ao compreender e reconhecer esses desafios, temos a oportunidade de adotar uma postura proativa para enfrentá-los.
Em suma, o futuro da medicina está cheio de potencial, mas também exige uma abordagem consciente para garantir que colhamos os benefícios sem comprometer nossos valores fundamentais de segurança e confidencialidade.
Assim, é possível construir um cenário médico que aproveite o poder da tecnologia enquanto protege os interesses e o bem-estar de todos.
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